terça-feira, 8 de julho de 2008

Especial Boxe

No início do séc. XX, a prática desportiva era quase totalmente desconhecida no Brasil. Os raros esportistas limitavam-se a membros das comunidades de emigrantes alemães e italianos, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Foi só com eles que foi introduzida, entre nós, a idéia de competição esportiva entre dois homens ou entre equipes, principalmente em modalidades como natação e canoagem.
Além dessa falta de tradição esportiva, outra característica desfavorecia a introdução do boxe no Brasil: no final do sec. XIX e início do XX, lutar era sempre associado à coisa de capoeiristas e, então, à marginalidade. Esse preconceito era especialmente forte entre os membros da elite dirigente do país.
As primeiras exibições de boxe em solo brasileiro ocorreram naquela época e só reforçaram esse preconceito: foram feitas por marinheiros europeus, que tinham aportado em Santos e no Rio de Janeiro, e naquela época os marinheiros eram recrutados das classes mais humildes.

A década de Eder Jofre: os anos 60's:

O maior boxeador brasileiro de todos os tempos nasceu em uma família de pugilistas: tanto por parte do pai ( família Jofre, oriunda da Argentina ) como por parte da mãe ( família dos Zumbanos ). Assim que Éder Jofre, praticamente, nasceu dentro do ringue e desde cedo aprendeu as "manhas" da nobre arte.
Desde muito cedo exibia características que acabaram lhe colocando num lugar de destaque na história do boxe mundial: tinha como principal arma um fortísssimo gancho de esquerda e uma igualmente arrasadora direita; não menos importante era sua grande inteligência que lhe permitia modificar o estilo de luta segundo o adversário.
Estreou como amador aos 17 anos de idade, em 1953. Em seus quatro anos de competição entre os amadores não conseguiu nenhum título de importância internacional. Seu sucesso só viria explodir como profissional, carreira que iniciou aos 21 anos, em 1956.
Já em 1958 tornou-se campeão brasileiro dos pesos galo. Contudo, o sucesso internacional não foi tão rápido. Para isso foi fundamental o trabalho de seu empresário, Jacó Nahun. Esse, usou sua experiência para construir uma "escadinha" que permitisse Éder fazer um renome internacional e assim poder esperar por uma chance de disputar o título mundial. Essa chance começou a ficar mais próxima em 1960, quando Jacó Nahun conseguiu a inclusão de Éder entre os dez primeiros do ranking de galos da NBA (a associação que mais tarde deu origem a atual WBA=Associação Mundial de Boxe). Atingindo esse ponto, Éder trocou de empresário (Nahun, magoado com a "traição", abandonou o boxe) e foi lutar nos USA, onde fez três lutas que melhoraram sua posição no ranking. Ainda nesse mesmo ano de 1960, finalmente, materializou-se a oportunidade de disputa pelo título mundial quando o então campeão mundial dos galos, Joe Becerra, renunciou ao seu título depois de ter causado a morte de seu último adversário. Com isso, no final de 1960, acabou sendo marcada uma luta pelo título vago entre Éder e o mexicano Eloy Sanchez. Éder Jofre precisou de apenas seis rounds para se adonar do cinturão.
Contudo, Éder ainda não havia chegado ao topo, pois a União Européia de Boxe não reconhecia os campeões da americana NBA. Foi só em 1962 que surgiu a oportunidade de uma luta pela unificação dos pesos galo, entre Jofre campeão pela NBA e Johnny Caldwell campeão pela UEB. Essa luta foi travada no ginásio do Ibirapuera, com um público record de 23 000 pessoas. Éder massacrou o irlandês Caldwell e se tornou o undisputed champion dos pesos galo.
Jofre defendeu com sucesso seu cinturão por sete vezes, até 1965, não fugindo de nenhum adversário, por mais perigoso que esse fosse. Contudo, seu maior inimigo crescia a olhos vistos: era seu excesso de peso, que lhe fêz realizar várias lutas muito desidratado e até mal alimentado. Apesar disso, pressionado de vários lados, Éder preferiu não subir para a categoria dos pesos pena. A decisão foi errada: em 1965 foi vencido pelo maior boxeador japonês de todos os tempos, Masahiko "Fighting" Harada. No ano seguinte, o japonês concedeu revanche e venceu novamente. Com isso, Jofre declarou sua aposentadoria. Tinha 10 anos de profissionalismo e estava com 30 anos, o que é considerada uma idade avançada para um boxeador da categoria dos galos.
Como peso galo, Éder Jofre recebeu as maiores distinções: em eleição promovida pela mais conceituada publicação de boxe do mundo, The Ring Magazine, os leitores dessa revista elegeram Éder Jofre como um dos dez melhores boxeadores do século XX; foi o primeiro boxeador não americano indicado para o Hall of Fame do boxe.


Jogos olímpicos – cidade do México


Em 1968 ocorreu os Jogos Olímpicos na Cidade do México. A altitude favorece a quebra de um grande número de recordes mundiais. O americano Bob Beamon salta 8,90m no salto em distância, estabelecendo um recorde que duraria até a década de 1990. Jim Hines, Tommie Smith e Lee Evans, todos americanos e negros, vencem, respectivamente, os 100, 200 e 400m livres.
Smith comemora apoiando movimentos radicais de afirmação negra e é suspenso da delegação americana. Alfred Oerter consegue a marca inigualada de quatro medalhas de ouro seguidas em Olimpíadas, ao vencer o arremesso de disco. A ginasta tchecoslovaca Vera Caslavska conquista quatro medalhas de ouro, que somam-se a três conquistadas anteriormente em Tóquio.
Nélson Prudêncio continua a tradição brasileira no salto triplo, obtendo a medalha de prata. O salto triplo, novamente, rendeu a melhor colocação do Brasil numa Olimpíada. Depois do ouro de Adhemar Ferreira da Silva em Helsinque e Melbourne, foi a vez de Nelson Prudêncio faturar uma medalha de prata na competição.
O brasileiro por muito pouco não ficou com o ouro. Na final, Prudêncio saltou 17,27 m, novo recorde mundial. Quando já comemorava a conquista, o soviético Viktor Saneyev estragou a festa, ao dar um salto de 17,39 m.
Além da prata de Prudêncio, o Brasil deixou a Cidade do México com duas medalhas de bronze. Servílio de Oliveira, na categoria moscas do boxe, e Reinald Conrad e Bukhard Cordes, no iatismo, foram os ganhadores.
O Brasil ainda esteve próximo de outras duas medalhas: no basquete e na natação. A seleção masculina de basquete perdeu a decisão do terceiro lugar para a União Soviética, por 70 a 53. Nas semifinais, o Brasil havia sido derrotado pelos Estados Unidos, campeões pela sétima vez consecutiva.
Na natação, José Silvio Fiolo terminou a prova dos 100 m peito com o tempo de 1min08s1. O brasileiro ficou a 0s1 dos soviéticos Vladimir Kosinsky e Nikolai Pankin, medalhas de prata e bronze na competição.
Mas o ano de 1968 não foi essa maravilha cheia de glórias e vitórias vários países a principio das olimpíadas estavam agitados.
Na França,por exemplo, os estudantes entraram em confronto contra a polícia. Nos Estados Unidos, o líder negro Martin Luther King foi assassinado. O país também estava em crise devido à Guerra do Vietnã. Na Europa, a União Soviética invadiu a Tchecoslováquia. Até no Brasil o clima estava tenso, com os militares fechando o Congresso Nacional e endurecendo a repressão.
Portanto, como não poderia deixar de ser, as Olimpíadas foram influenciadas pela política. Pouco antes da abertura da competição, cerca de 10 mil estudantes e professores fizeram um protesto contra o governo, que estava gastando muito dinheiro com os Jogos. A polícia reagiu, matando quase 300 manifestantes.
A disputa mexicana ficou marcada por uma cena, talvez a mais emblemática de toda a história dos Jogos Olímpicos. Após a final dos 200 m rasos, os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos (medalhas de ouro e bronze) protestaram contra o racismo dos EUA. Os dois subiram ao pódio com luvas pretas, fazendo o gesto Black Power.

Números gerais das Olimpíadas


Medalhas O P B T
1º EUA 45 28 34 107
2ºURSS 29 32 30 91
3ºJapão 11 7 7 25
4ºHungria 10 10 12 32
35ºBrasil 0 1 2 3


No período de 12 a 27 de outubro participaram 112 países totalizando 5531 atletas (4750homens e 781 mulheres).
Eram 20 modalidades dentre elas estavam o basquete,boxe,canoagem,atletismo, ciclismo,esgrima,futebol,ginástica, hipismo,hóquei na grama,iatismo(vela), halterofilismo , luta, natação, pentatlo moderno,pólo aquático,remo,saltos ornamentais,tiro e vôlei.
Foram distribuídas 527 medalhas no total das olimpíadas.


Números do Brasil:

Nas olimpíadas na Cidade do México participaram cerca de 84 atletas,dentre eles 81 homens e 3 mulheres.
Estes participavam de 13 modalidades como atletismo, basquete,boxe, esgrima,futebol,hipismo, halterofilismo,iatismo,natação,pólo aquático,remo,tiro e vôlei .


Priscilla Landriscina

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