terça-feira, 8 de julho de 2008

Primavera de Praga

Acontecimento marcante, realizado em 1968 na Tchecoslováquia e liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco, a Primavera de Praga tinha como principal objetivo promover grandes mudanças nas estruturas política, econômica e social do país. Conhecida como a experiência de um “socialismo com face humana”, foi objetivada em ‘desestalinizar’ definitivamente o país, uma vez que essa desestalinização iniciou-se no XXº Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 1956. Remover os últimos vestígios do autoritarismo e do despotismo, considerados aberrações do sistema socialista, estava no plano de Alexander Dubcek, indicado para líder em janeiro do mesmo ano.
Foi prometida ao povo, pelo secretário-geral do partido, uma revisão da Constituição, a qual garantiria a liberdade do cidadão e os seus direitos civis. Essa abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, representada por uma Assembléia Nacional, reunindo democraticamente todas as facetas da sociedade tcheca. Outra garantia oferecida por Dubcek era a liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa. Além disso, todos os perseguidos pelo regime seriam reabilitados e reintegrados.
As propostas, obviamente, ganharam apoio da população e a esse movimento que propôs uma mudança radical da Tchecoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, damos, merecidamente, o nome de “ A Primavera de Praga”.
Manifestações em favor da rápida democratização eclodiam de todos os lados. Em junho de 1968, foi publicado na Gazeta Literária (Liternární Listy), um texto de “Duas Mil Palavras” redigido por Ludvik Vaculik. Esse
texto pedia a Dubcek a aceleração do processo de abertura política e era assinado por centenas de personalidades de todos os setores sociais da tchecoslováquia. A sociedade tcheca acreditava piamente que era possível e plausível, transormar pacificamente um regime ortodoxo comunista em uma social-democracia aos moldes ocidentais. Com essas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com a ampla liberdade democrática.
O mundo, entretanto, olhava com apreensão para Praga. O que fariam os soviéticos e os países vizinhos comunistas? As liberdades conquistadas em poucos dias pelo povo tcheco eram inadimissíveis para as velhas lideranças das “Democracias Populares”. Se elas vingassem em Praga eles teriam também que liberar os seus egimes. Os soviéticos por sua vez temiam as conseqüências geopolíticas. Uma Tchecoslováquia social-democrata e independente significava sua saída do Pacto de Varsóvia, sistema defensivo anti-OTAN montado pela URSS em 1955.
Então, numa operação militar surpresa, tanques e tropas do Pacto de Varsóvia invadiram Praga em 20 de Agosto de 1968. a “Primavera de Praga” sucumbia perante a foça bruta. Foi sepultado naquele momento toda e qualquer perspectiva do socialismo conviver com um regime de liberdade. Dubcek foi imediatamente levado à Moscou e destituído do cargo. As reformas foram canceladas, porém uma semente, do que vinte anos mais tarde seria adotado pela própria hierarquia soviética representada pela política da glasnost de Michail Gorbachov, foi deixada.
E em 16 de janeiro de 1969, Jan Palach, em protesto, ateou fogo em seu corpo em praça pública.

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